We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Em Coma Sint​é​tico

by Em Coma Sintético

/
  • Streaming + Download

    Includes high-quality download in MP3, FLAC and more. Paying supporters also get unlimited streaming via the free Bandcamp app.
    Purchasable with gift card

      name your price

     

1.
Eu vou negociar em todas as esferas o fim da primavera, eu vou acordar e sentir o meio fio em minhas mãos e pensar depois no que fazer com tudo isso. Se coloco no bolso, se como ou regurgito, se negocio meu trajeto com todos aqueles aqui presentes ou se vejo apenas o que quero em minhas possibilidades de ser apenas alguém que quer demais. Eu vou desintegrar os ossos dos meus ofícios, minha pele, minha carne, minha beleza ingrata, minha tristeza sensata, meu sóbrio traje de alegria que visto em dia de folia e retiro de tempos em tempos pra lavar. Quase sempre está sujo, nunca volta, nunca é certeza sólida de que nunca vou voltar. Eu vou voltar à aquilo que me veio de tantos em tantos tempos enquanto aguento alguém engasgar no cálice de todas as propostas em que nós devemos escolher para qual iremos nos direcionar. Me direcionarei, sem pele, sem carne, sem ossos, apenas o cheiro do fósforo há de me guiar, apenas o gosto mórbido pela paz que nunca vai chegar. Pois este mundo há muito morreu no mármore da loucura, imutável, branco, duro e impossível de penetrar. Pois este mundo nada mais é do que o nosso lar, nosso bar, nosso cemitério e nosso guia para nos livrar dos assuntos sérios que insistem em se silenciar. O mundo fala, e como ele eu falo, ninguém ouve, como a Terra, eu canto. E nessa Terra todo mundo pisa em cima, não importa o pranto, não importa o humus, não importa as propriedades férteis que este solo há de carregar. O que importa é a madeira modificada, a folha cortada e pintada e printada em forma retangular, que nos faz brilhar os olhos, dilatam nossas pupilas para que os pupilos dos próximos tempos já nasçam sabendo contar e dizer apenas o que lhes será ensinado. Foi assim comigo, foi assim com você, é assim que é. Assim sempre será contado.
2.
2819 05:49
3.
Caranguejeira Contemplando a minha solidão Caranguejeira Abro os pés e fecho as mãos Caranguejeira Atrás da cruz se faz o tom Caranguejeira Em simbiose com a merda da matilha Com gosto de patê de baunilha e sangue do meu pau-batom Caranguejeira Com a força motriz de um vendaval Caranguejeira Com a pele suada em dia frio de funeral Andou, andou, andou Chegou a lugar algum Se pôs em possível pose de patrulha Não levou nenhum segundo pra acender a fagulha Minhas mãos leves e serenas se estendem Pare. Como uma flor podre que peca em viver Caranguejeira Em uma mão trago minhas dores Na outra guardo no bolso tudo aquilo que tive de bom Ou mal nenhum vai vir ou nunca mais haverá som Agora vai, agora vai Agora foi Volte 5 casas no jogo da vida Descubro a farsa, avanço na corrida Sem sal para brincar de fósforo Minha cabeça cai no asfalto, Eu raspo, eu raspo, eu raspo Caranguejeira Enrosco na faca de três gumes a porta que se abre em bumerangue Arroto, três vezes para garantir Soco, soco, soco Mordo a merda da minha própria barriga Saro, corro na ferida De tempos em tempos a peneira volta Olha pro lado Soca, soca, soca O que passa não me serve mais O que fica jogo fora Ouço agora o som lá atrás Caranguejeira Choro Morro Subo o morro das angústias Angiosperma que me desculpe mas agora mudou a fase da Lua Olho a boca do lobo Me sorri com dentes tortos iguais aos meus Minha voz dispara assim como uma navalha Minha voz não falha Em cada sílaba, em cada palavra Controlo tudo Eu, você, seu mundo desnudo Agora parto para o ataque Caranguejeira que me mate Nasci outra vez Caranguejeira que me cace Nasci de novo Caranguejeira tenta tirar tudo de mim, Em minha cabeça vem botar seu ovo Mas por essa ninguém esperava Minha mente é um labirinto, Em cada passo em falso Caranguejeira Um braço torto, Outro braço, A garra é cortada Uma perna e um falo Só mais um passo Não vai restar mais nada Não vai restar nem um caralho Nem merda nenhuma Caranguejeira que se cuide Caranguejeira Agora espere a morte Caranguejeira Fala, fala, fala Caranguejeira Diga tudo a quem doer E depois não diga mais nada Caranguejeira O tom atrás da cruz me salva Caranguejeira Abro as mãos e nelas tenho suas patas Caranguejeira Aproveite a solidão Caranguejeira
4.

about

"Em Coma Sintético" is a project of Ambient Freeform Electroacoustic Music, a collaboration between the experimental musicians Leo Fazio and Vítor Marsula (São Paulo, Brazil), where they sought to explore and create soundscapes that lies between the vapor of a dystopian post-modernism and the cyberpunk, evoking surrealistic and disturbing atmospheres with hints of free jazz, drones and spectral music.

Elektron Digitone e Behringer Neutron by Vítor Marsula;
Clarinet, cuíca, guitar, percussions and voice by Leo Fazio.

Produced and recorded by Leo Fazio and Vítor Marsula.

credits

released April 10, 2019

license

all rights reserved

tags

about

Em Coma Sintético São Paulo, Brazil

contact / help

Contact Em Coma Sintético

Streaming and
Download help

Report this album or account

If you like Em Coma Sintético, you may also like: